Distantes, mas juntos contra a desigualdade social

            Etiópia e Estados Unidos, o primeiro país, vive na miséria e fome, possuindo um dos piores indicies de desenvolvimento social e econômico do mundo, marcado até os dias atuais por guerras civis. O segundo, não é preciso falar muito sobre tal, uma vez que possui a maior economia do mundo, 3ª maior IDH e é o pais mais bem industrializado do globo.

            Essien morador de Adis Abeba capital da Etiópia, conheceu Barney residente de New York (EUA), através de uma visita de uma instituição financiada pela ONU a Etiópia, da qual o americano faz parte, a qual busca espalhar os direitos humanos a quem mais necessita. Tal instituição, ajudou várias famílias do local, inclusive a família de Essien, a qual era muito humilde e Barney como um dos voluntários conheceu o pobre menino e ficou encantado com sua simpatia e humildade. Ambos manterão contato durante todo tempo que Barney passou no país e desenvolveram uma grande amizade. Quando chegou o dia de partir, o americano queria muito continuar a manter contato com o etíope, logo deu-lhe de presente um computador com internet ainda instalada na casa do amigo, portanto continuarão mantendo contato através de uma rede social chamada Skype, uma espécie de videoconferência.

Durante dez anos, ambos manterão contato por essa rede, e contavam um para o outro a realidade que enfrentavam.O nova iorquino possuía uma qualidade de vida invejável, tinha ótimos estudos, viagens com a família para diversos países, passeios frequentes ao shopping, bom padrão de consumo, mas não deixava sua humildade de lado. Já o etíope com a ajuda recebida pela instituição financiada pela ONU, conseguiu melhorar de vida, mas nada comparado a vida do americano, vivia em uma área marcada por guerras civis, desigualdades sociais, e disseminação da fome e da aids por diversas camadas da população e ambos discutiam sobre como poderiam mudar o futuro da sociedade, principalmente dos mais necessitados, até que um dia após refletirem muito, chegaram à conclusão de que fazeriam os testes para serem voluntários oficiais da ONU, com isso ajudariam pessoas do mundo todo que vivem em situações semelhantes com a que Essien viveu.

Passaram-se oito meses e enfim chegou o dia de ambos fazerem os testes para ver se seriam aprovados ou não para o cargo de voluntário oficial da ONU, e o maravilho aconteceu, eles passaram, foram predestinados a tornarem melhor a vida de diversas pessoas.

Cinco meses após a aprovação já haviam visitado vários países da África Subsaariana, participaram de episódios marcantes, ajudando muita gente, distribuindo alimentos, medicamentos, planos de saúde .... E assim seguiram sua vida, com atitudes grandiosas, assim inspirando muitos povos tão quanto ajudando.

Tudo uma ilusão

Não é todo mundo que nasce em “berço de ouro”. Esse foi o caso de Douglas, menino nascido na Comunidade do Caramujo, em Niterói-RJ. Era filho de Gilmar e Dona Tina, pais completamente opostos, pois Gilmar não trabalhava, era alcóolatra, gastava todo dinheiro da família com bebidas, deixando a missão de sustentar uma família de cinco toda para Dona Tina.

Os que não tiveram a sorte do “berço de ouro” têm que ralar muito para ser alguém na vida, que seja nos estudos ou no trabalho. Porém, para ter uma vida estável sendo morador de periferia é um caminho muito longo, e muitos desistem devido a grande facilidade de subir na vida de forma ilícita nesses locais. Douglas levava uma vida difícil, trabalhava desde os nove anos, e vinte anos se deparou com o mundo das drogas, onde o trafico rendia dinheiro fácil, não lhe dando escolha a não ser entrar naquela vida ilegal.

Douglas começa naquela vida como muitos, apenas um pequeno transportador, aquele que se arrisca a ser pego pela polícia nas ruas. Mas Douglas em menos de dois anos se tornou o braço direito do traficante chefe da favela. Chegava a tirar cem mil por mês, ele transformou a vida de sua família, deu uma casa nova para Dona Tina, a qual se separou de Gilmar, e foi morar com os outros dois filhos. Tudo dava certo, nada parava Douglas, o qual cada dia conseguia um novo adepto para seu mundo, vendia mais a cada dia, aquele mundo parecia não ter defeitos, mas ele ia descobrir que isso não era verdade da pior forma.

                Douglas vivia uma vida de luxo, noites de festa com bebida, mulheres e drogas. Foi em uma dessas noites que o morro foi invadido pela polícia, a qual já investigava havia meses, e já sabia o alvo que iria atacar. Douglas e seus parceiros reagiram e começou uma troca de tiros, na qual Douglas foi baleado e não resistiu, e de cinco traficantes, Douglas e mais um foram mortos, um fugiu e os outros dois foram presos.

                Nada do que Douglas fez valeu a pena, pois após sua morte tiraram tudo de sua mãe, jogaram-na na sarjeta junto de seus irmãos. Tudo aquilo não passou de ilusão, pois o que ele achava que era um dinheiro fácil tinha um grande preço no final, o qual foi alto demais.

Por trás da máscara

   Gabriela,vivia sozinha em uma cidade que possuía o nome de Vista Bela.Sua mãe percebendo que a garota já tinha idade para andar nas ruas sozinha,e com falta de tempo para ir ao supermercado pediu para que a garota fosse e a alertou a não conversar com estranhos.

   Após algum tempo já tinha feito o que sua mãe pediu, parou em uma lanchonete conhecida e sentou-se uma mesa.Logo chega um rapaz e pede para fazer companhia,ela com toda a inocência aceita,eles conversam bastante tempo e ele se diz amigos dos pais da menina e ela acredita.
Ela se despede e sai,mas logo o rapaz aparece correndo e diz que vai acompanha-lá até em casa e que pretende rever os pais dela.Ela não se importa com isso,ele já tinha conquistado a confiança da garota. As coisas correm bem até que no meio do caminho ele a arrasta para uma reserva florestal e a violenta fisicamente e sexualmente.

   A garota envergonhada volta para casa horas depois,e diz a mãe preocupada que havia caído no meio do caminho, ela se sente culpada por tudo o que aconteceu,e até hoje ela guarda esse segredo com ela, e as vezes pensa como um erro desse poderia causar tantas sequelas em sua vida,que jamais serão apagadas.

Jullia Massensini

Força de vontade

 Raul era um menino muito humilde e de pouca condição financeira, morava no bairro mais pobre e violento da cidade. Filho único, morava apenas com sua mãe, pois seu pai havia falecido há alguns anos.

 No outro lado da cidade, em um condomínio de luxo, morava Bernardo, filho dos maiores empresários da região. Tinha tudo o que queria e quando queria.

 Raul estudava em uma escola pública de seu bairro, e apesar de o ensino de lá ser bastante precário, Raul se esforçava muito em casa, estudando o dia inteiro. Já Bernardo, que estudava na melhor escola particular da região, mal se importava em estudar, pois dizia que herdaria todas as empresas que seus pais tinham.

 Não mais que 10 anos depois, Bernardo já com seus 23 anos de idade, o país entra em crise e as dezenas de empresas que a família sua possuía, entra em falência. Os pais de Bernardo decidem fechar as empresas, pois elas já não davam mais lucro, e sim prejuízo. Bernardo, que nunca soube o que era trabalhar, teve que procurar um emprego para ajudar com o sustento da família, virou balconista de uma loja de peças para carro, pois seu currículo era péssimo. Enquanto isso, Raul, com seus 24 anos, tornara-se médico, e já começava a atender seus clientes em seu novo consultório.

  É, as coisas mudam.

 Igor Natal Dias Variz

Os bens materiais preenchem o tempo, mas não a alma...

          Pequena e escondida, a Cracóvia era um reino que nunca havia sofrido processo de colonização e nem mesmo revoltas populares. Assim, a Dinastia Gasparetto permanecia no poder há séculos, governando com mãos de ferro dês do surgimento desse reino. E Carlos Augusto não era diferente. Membro da 7° geração da Dinastia, este rei era um absolutista e, enquanto sua população vivia na extrema miséria, este, por sua vez, vivia no extremo luxo do Palácio Royal junto à nobreza. Diante de grande poder e prestígio interno, o rei, viúvo e pai de um único filho, Luca Gasparetto; possuía duas únicas preocupações na vida: A riqueza e o poder sobre o reino, o qual era o símbolo da honra da família. Sendo assim, seu filho crescera tendo tablets, celulares, roupas de marca, brinquedos extraordinários, professores dentro do Palácio... Enfim, crescera tendo todas suas vontades realizadas. No entanto, o tal só não teve duas coisas, sendo estas a que ele mais valorizava: Amor e atenção por parte do pai.

          Nesse ritmo, passam-se vários anos e, ao completar 18 anos, Luca, por ordem de seu pai, o qual estava preocupado com o futuro do reino; é mandado à Rússia para aprender táticas de guerra e novas estratégias militares. E pela primeira vez o garoto saiu daquele mundo de luxo e privilégios do Palácio no qual residia e passou a ter contatos com a verdadeira realidade do mundo, assim percebendo que ele era totalmente diferente daquele em que vivia: Pessoas não tinham o que comer, não tinham onde dormir, não tinham o que vestir, não tinham a quem recorrer... Viviam às margens da sociedade sem apoio algum, a não ser o da família - a única coisa em que ele não podia buscar apoio. Após várias experiências, o garoto volta para a Cracóvia. Sim, ele estava repleto de conhecimentos militares. Porém, o príncipe também voltou tomado por um sentimento de revolta com a triste realidade de alguns seres humanos e ainda mais com o fato destas pobres pessoas terem uma vida mais feliz que a dele: Estas pessoas, embora nada tivessem, tinham amor e atenção de seus familiares.

          Revoltado com esses dois fatores, Luca desenvolve um plano revolucionário: Revelaria as reservas de petróleo escondidas do reino ao governo russo em troca de seu exército invadir a Cracóvia e implantar um regime democrático, substituindo a monarquia secular do pequeno país. Bastava conseguir uma videoconferência com o presidente russo Vladimir Putin e tudo estaria certo... E foi o realizado. Depois de conversas com os assessores da Excelência Russa, Luca consegue uma videoconferência com o presidente para o dia seguinte.

          Entretanto, desconfiado como era por instinto, o rei cracoviano estranha o motivo de tantas conversas formais entre seu filho e a embaixada russa, pedindo, deste modo, a que um dos seus melhores espiões e hackers interceptasse a videoconferência do dia seguinte e a gravasse. E assim foi feito, permitindo que o rei descobrisse todo o golpe a ser dado pelo filho. Sentindo-se traído e ainda mais, vendo o poder de seu governo e suas riquezas ameaçadas, Carlos Augusto pune seu próprio filho com a mais severa das punições – morte na cadeira elétrica.

          Nesse sentido, o rei aproveita a triste situação para testar seu mais novo equipamento: A cadeira elétrica automática, ideia trazida por seu próprio filho quando voltou da Rússia. Desta forma, todo o equipamento mortal é preparado para eletrocutar às 3 horas da tarde. E às 2:59H, um minuto antes do traidor servir de exemplo aos outros, Carlos Augusto, curioso e triste pelo fato de ser traído pelo próprio filho, faz sua indagação final à sua cria:

-Filho, por que me traíste? Eu sempre lhe dei tudo o que você queria, nunca deixei que nada lhe faltasse... Por quê? Por quê – E seu filho responde, já preparado para a morte:

-Aí é que está, pai. Você deixou sim, faltar-me duas coisas: seu amor e sua atenção. E era só isso que eu queria. Para mim de nada valia todos aqueles bens, afinal, nos momentos difíceis, não são eles que irão nos ajudar. Eu amava você mais que tudo, enquanto você era apaixonado pelo poder e pelas riquezas. A única forma de ter o senhor para mim era acabando com seu reinado e dando todas as riquezas aos pobres, que nada fizeram para receber tantas desgraças. Peço-lhe desculpas se fui egoísta querendo uma maior presença sua, e causei isto tudo. – chorando de comoção, o rei tenta desligar a cadeira elétrica automática...
          Mas era tarde demais.

Superação

       Jemerson era um jovem que sonhava algum dia em ser um jogador de futebol. Menino pobre e negro, que vivia em um orfanato, tinha a vida muito sofrida, perdeu a mãe vitima de um câncer, e foi abandonada pelo pai logo após a morte de sua mãe. Ganhava alguns trocados entregando jornal para a banca do senhor Agostinho.

       Certo dia senhor Agostinho passou perto do campo onde Jemerson jogava bola com seus amigos e ficou impressionado com tal habilidade do garoto, e resolveu leva-lo para treinar em uma escolinha de futebol. Como Jemerson era muito pobre, não tinha condições de pagar a mensalidade da escolinha e muito menos bancar os equipamentos necessários para se praticar futebol. Então senhor Agostinho resolveu ajuda-lo, fornecendo tudo que ele precisava.

        No primeiro dia na escolinha, Jemerson foi totalmente excluído, os outro garotos tinha um enorme preconceito pelo fato de Jemerson ser negro e pobre. Porém, isso não o abalou e Jemerson foi destaque ao apresentar uma brilhante habilidade. No entanto, algo extremamente positivo despertou sua face obscura: O dom de Jemerson para o futebol despertou a inveja dos outro garotos, que tentavam colocar os ânimos de Jemerson cada vez mais para baixo, com ofensas sociais e raciais. Entretanto, os graves insultos não colocavam Jemerson para baixo. Na verdade, isso só o incentivava para buscar cada vez mais seus objetivos.

       Os tempos foram passando, e Jemerson completou dezesseis anos. Ao chegar a uma idade considerada madura, o técnico da escolinha que Jemerson participava conseguiu marcar um teste futebolístico em um grande clube brasileiro: o Flamengo. E tamanha responsabilidade e dificuldade encontrada pelo pobre e discriminado garoto não serviu como empecilho: Com seu talento, logo no primeiro dia ele foi aceito no teste. Com o passar do tempo Jemerson foi se destacando cada vez mais, e quando completou dezessete anos foi promovido a jogador profissional. E assim ele começou uma longa trajetória para se tornar uma lenda do futebol mundial.

     Logo que se tornou atleta profissional, Jemerson se firmou titular, despertando o interesse de clubes de grande importância mundial. Em seguida, foi contratado pelo Barcelona, um dos melhores times do mundo. Ali, ganhou títulos memoráveis e passou por momentos que nunca nem sonhara em viver. Quer dizer, apesar de todas as dificuldades, o pobre e desacreditado garoto não desistiu de seus sonhos e não se abalou diante das adversidades. Pelo contrário, diante dos problemas, ele somente se motivou mais, procurando sempre, com trabalho e dedicação, vencer na vida e conquistar seus objetivos. Portanto, não foi à toa que o menino chegou aonde chegou. Que conquistou o que conquistou. Ele trabalhou. Ele mereceu.

          ANTÔNIO CARLOS MACEDO LOURENÇO 

À espera de um “príncipe encantado”

           

        Geralmente, quando as pessoas estão em um caixão, elas não pensam em nada. Elas não esperam por nada. Porém, diferentemente de tudo, uma princesa esperava ansiosamente por seu príncipe encantado. Ao invés de gigantes e mágicas camas, seu repouso era nada mais nada menos que um belo caixão dourado.

        No entanto, o tempo passava e... Nada. Seu príncipe poderia estar em um engarrafamento na avenida paulista, em lojas comprando um belo presente ou em qualquer outro lugar. Mas diferente de tudo que se podia esperar, o tão sonhado e perfeito cavalheiro moderno estava no computador, alienado por um jogo online chamado Dota 2.

         Com isso, a pobre donzela sempre ficava a esperar seu príncipe, contudo a hora mais aguardada nunca chegava. Dias e dias se passavam, e aquele forte homem em uma BMW branca, com presentes que a agradariam, ficava restrito apenas à sua imaginação. 

          Com apenas solidão em seu coração, abandono e desilusão, indagações começaram a perturbar a mente da pobre donzela: Que tipo de príncipe era aquele? Apenas um jogo seria capaz de impedir o que o destino havia reservado? Um simples jogo online iria destruir toda a vida da princesa e tudo aquilo que ela havia planejado? E junto com as indagações, para evitar tamanha decepção, logo foi se formando também na mente da donzela apaixonada um pensamento conformista: Poderia ser que para seu príncipe aquilo não fosse apenas um jogo, poderia ser um vicio, uma realidade que ele preferia à sua que lhe foi destinado. Os jogos são febres nos jovens e ele era apenas uma vítima de tudo isso, como era tão comum naquela época. Sim, pessoas jogavam fora sua vida social para jogarem e se divertirem, gastando enormes quantias em dinheiro para apenas lutarem virtualmente uns contra os outros. E ela aceitava isso. Mas ela só queria ser buscada. Não ligava mais para o amor dado. Só queria deixar aquele caixão que por uma vida toda vivera.

         E atendendo as preces da nobre moça, uma luz clareou a mente do forte e alienado príncipe: Ele percebeu que havia coisas muito mais importantes. Que a realidade que ele vivia que realmente importava e que sem sua princesa, nada daquele mundo virtual e de seu mundo real fazia sentido. Deste modo pegou seu enorme e bonito carro, passou no posto de gasolina e foi à procura de sua amada donzela. Andou quilômetros e quilômetros, enfrentou trânsitos, radares, pedágios, mas sim, ele buscou sua princesa. Ele realizou o sonho de sua amada, realizou o que o destino havia lhe preparado. Assim, a prometeu que nunca mais jogaria nenhum jogo e que se dedicaria exclusivamente à ela. Àquilo que ele realmente precisava e se importava: A vida real. E assim, viveram felizes para sempre...


                    OTÁVIO LOPES LIMA

A inocência de uma princesa

               Mais uma vez o sol surgia indicando que o dia iniciara. Havia três meses que a mãe de Liss falecera. Sua falta era enorme, mas nada a incomodava mais do que a nova relação com seu pai, o Rei. 

       Liss teve seu primeiro dia de aula em uma escola aos dez anos de idade, pois antes que a educava era a mãe no próprio castelo. 

       Na escola, a primeira atividade escolar propunha que os alunos fizessem uma redação e abordassem sobre sua rotina antes de iniciarem a vida escolar. 

      Depois de escrita, Liss entregou a redação para sua professora. O sinal tocou. Então, a princesa voltou para o reino e mais uma vez deu início a sua desprazerosa rotina. 

      No segundo dia letivo, a professora entregou os textos para os respectivos alunos, mas Liss não recebeu o seu. Foi convocada à supervisão. 

     -Querida, sua professora estava lendo seu texto e simplesmente ficou incrédula com suas palavras, então pediu para que eu também o lesse. Você poderia esclarecer essa história? – disse a diretora do colégio aparentemente preocupada. 

     - Não tenho nada para esclarecer, é tudo verdade! – disse a filha do Rei com tamanha naturalidade. 

     - Mas o que você diz não pode ser verdade, como seu pai poderia fazer isso? – perguntou a diretora. 

      -Ele pode porque é meu pai, como ele mesmo diz. Desde que minha mãe morreu, ele afirma que se sente solitário, que precisa de carinho. Então, todos os dias, quando chega ao castelo, toma seu banho, vem até meu quarto, tira minha roupa e... Olha, não quero mais falar sobre isso! – respondeu Liss. 

      Antes mesmo da permissão da diretora, Liss saiu correndo em direção a sala de aula. 

      A professora e toda a classe ficaram espantados com o estado emocional da princesa. 

      Tentando ajudá-la, a professora pediu licença aos alunos e levou-a até a diretora mais uma vez.

     Assim que a diretora viu novamente a criança, que agora estava com a professora, fechou a porta e deu início ao seu discurso. 

    -Como vivemos em um reino onde o Rei abusa da própria filha, alegando que tem esse direito? Precisamos denunciá-lo, essa situação merece um fim logo. Abuso é crime! – afirmou a diretora.      Não faça isso, por favor! – disse Liss - Ele é meu pai e eu o amo muito. Não quero prejudicá-lo. 

    Eu sei querida, mas seu pai está errado e o certo a fazer é denunciá-lo. – afirmou a diretora. 

           Minutos mais tarde, a professora contou a Liss que acabara de denunciar o Rei à segurança máxima do reino e enviou também uma cópia do texto da filha como prova da acusação. O pai recebera prisão perpetua. 

         A pequena princesa cresceu e anos mais tarde assumiu o poder. Como o trauma de criança não havia passado, instalou no reino uma política contra abuso sexual e todo e qualquer caso de abuso foi eliminado.                                                                            

Melissa.

A felicidade está nas pequenas coisas

       Era uma vez uma menina de oito anos que se chamava Rafaela e morava com seu pai, Carlos Eduardo, e sua mãe, Marília no interior da Paraíba, em uma fazenda. Ela estudava em uma escola pública, tinha amigos e era muito feliz. Aos onze anos de idade, sua mãe morreu, vítima de uma doença grave. No ano seguinte, mudou-se com seu pai para Buenos Aires e foram morar numa mansão, cheia de empregados, luxo e conforto. Seu pai havia se transformado em um empresário muito rico.
    Desde que mudou do Brasil, Rafaela não tinha mais alegria,pois apesar de tanta riqueza, não tinha liberdade,  não tinha amigos e não tinha mais o carinho de seu pai. Ele viajava muito e ela vivia naquela luxuosa casa, apenas com os empregados. Na escola particular em que estudava, não tinha amigos.
     O tempo passava e Rafaela se sentia cada dia mais triste e  a fortuna do seu pai aumentava cada vez mais.
     Um dia, já com quatorze anos, conversando com seu pai, perguntou:
      _Papai, por que nossa vida mudou tanto em tão pouco tempo? Por que o senhor ficou tão rico?
      Carlos Eduardo respondeu, todo orgulhoso.
       _Nossa riqueza é fruto do meu trabalho.
    _Mas papai, não me sinto feliz aqui. Por que não voltamos a morar na Paraíba, perto de nossos familiares, onde éramos felizes vivendo todos juntos?
       _Minha filha, na Paraíba eu tinha pouco dinheiro e não podia comprar quase nada para você. Aqui  você tem roupas bonitas, joias, sapatos caros, celulares. Você tem tudo que uma pessoa precisa para ser feliz.
       _É papai, mas o que mais queria eu não tenho...Seu amor, liberdade e felicidade.
        Ela disse isso e saiu chorando para seu quarto.
        O que Rafaela não sabia é que toda fortuna do seu pai era um dinheiro sujo, fruto do comércio ilegal de turmalina que era retirada de uma mina que ficava no Sertão da Paraíba, uma das regiões mais pobres do Brasil. Carlos Eduardo fazia parte de um esquema internacional para explorar ilegalmente a turmalina paraíba e levá-la para fora do País.
      Em certo dia, faltando apenas um mês para o aniversário de 15 anos de Rafaela, seu pai recebeu uma ligação de um empresário brasileiro pedindo que ele fosse o mais rápido possível para o Brasil, pois havia surgido um imprevisto nos  “negócios”.  

       O que Carlos Eduardo não sabia era que o “esquema” tinha sido descoberto pela Polícia Federal brasileira. Ao aterrissar em uma de suas fazendas na Paraíba, em seu jatinho, ele foi preso. Todos os seus bens foram bloqueados e ele foi encaminhado para um presídio.

    Só então Rafaela ficou sabendo a origem de tanto dinheiro do pai, ao ver pela televisão a notícia da prisão dele e de vários empresários que participavam do “esquema”. Sua decepção foi muito grande, pois seu pai,  que para ela era um homem trabalhador e honesto, na verdade não passava de um mau caráter, envolvido com pessoas sujas e desonestas.
      Rafaela foi levada para Paraíba para morar com uma tia, irmã de sua mãe, bem perto da casa de seus avós paternos. Sua tia vivia com seu marido e duas filhas numa pequena propriedade, onde trabalhavam honestamente para tirar o sustento da família. 

     No dia do seu aniversário, Rafaela acordou muito triste, sentindo a falta de Carlos Eduardo que estava preso, pois apesar de "tudo", ele era seu pai. Sentia muito também a falta de sua mãe, que  sempre lhe acordava com beijos e abraços. Mas à noite foi surpreendida com um belo jantar preparado por sua tia para comemorar seu aniversário. Um jantar simples, um bolo feito pela própria tia e uns docinhos que suas primas fizeram com muito amor.

     Rafaela ficou tão feliz e percebeu que o dinheiro nem sempre traz felicidade, pois o tempo que viveu com tanta riqueza e conforto  não foi feliz. Vivia presa numa enorme e luxuosa casa sem amor, sem carinho e até mesmo sem a presença do pai, que sempre estava ausente cuidando do seu "trabalho". 
      A partir daquele dia ela entendeu  que se pode ser feliz com pouco dinheiro, trabalhando honestamente, e que as coisas boas da vida somos nós que proporcionamos. De que adiantou tanta ambição de seu pai?...
       Ela percebeu que mesmo com pouco dinheiro, mas com o carinho e o apoio de seus simples familiares, ali ela viveria feliz pelo resto de sua  vida.