terça-feira, 12 de maio de 2015

Imposição por parte dos reguladores, ou abuso por parte dos criadores?

            O anúncio do novo Renault Clio gerou polêmica no Reino Unido e foi vetado pela Advertising Standards Authority, a responsável por regular a publicidade no país. A referida gerou tantas discussões, que o órgão obrigou a fabricante a tirá-la do YouTube. Para o órgão, a propaganda foi considerada “sexualmente provocativa” e “um retrato de mulheres como objeto sexual”.

              No vídeo da propaganda, um homem faz um teste-drive com o Clio e o acompanhante da concessionária o pede para apertar o botão ‘Va Va Voom’. E então quando o botão é pressionado, o cenário de Londres se transforma em parisiense e vários estereótipos dos parisienses passam pelo carro, entre eles, as dançarinas do Moulin Rouge. Contudo, as câmeras focam as regiões dos seios e das cinturas das mulheres, além da expressão das referidas serem consideradas provocativas pelo órgão regulador. "Considerou-se que coreografia, vestuário e expressões faciais das bailarinas eram sexualmente provocativos e que a impressão geral não era necessariamente a de uma paródia de um cabaré como o Moulin Rouge", diz a ASA. "Nós consideramos que o anúncio retrata as bailarinas como objetos sexuais e que, portanto, era suscetível a causar ofensa grave ou generalizada".

                Mulheres. São mães, professoras, donas de casa, freiras, atendentes, cientistas, engenheiras, arquitetas, empresárias, jogadoras de futebol... Tudo. Ao tomar como exemplo o papel de mãe, elas trabalham tanto fora, quanto dentro de casa. Assim, ao mesmo tempo em que elas se ‘matam’ em algum emprego para conseguir dinheiro, ‘matam’-se dentro de casa para manter tudo em ordem e tudo arrumado. Como se não bastasse, ainda conseguem ser doces, belas, singelas, amáveis, amigáveis, carinhosas, inteligentes, respeitosas... Ou seja, conseguem, sendo apenas uma pessoa, fazer com que qualquer um dependa delas. Logo, são realmente de tudo. Menos objeto sexual. Então, vem uma pergunta da qual não consigo e acho que nunca conseguirei responder: Por que ainda insistem em retratá-las em propagandas sendo apenas objetos sexuais? Elas não são muito mais que isso? Não devem ser muito mais valorizadas, por sua importância igual e até maior que a dos homens na sociedade?

           Infelizmente, esta não é a primeira propaganda que faz isso e nem vai ser a última. Atualmente, as propagandas, que são meios de ‘dizer’ para o público-alvo que um produto é bom e por isso devemos comprá-lo, não utiliza as qualidades do produto para convencer o consumidor, mas sim, utiliza-se do fato que ele ajuda a conquistar mulheres, e que por isso sim, ele é um bom produto. Ou seja, nos ‘coloca’ que devemos comprar aquele produto porque ele é bom. E ele é bom pelo motivo de ajudar a conquistar nossos “objetos sexuais”. Como no caso da fabricante Renault, não seria plausível ela fazer uma propaganda dizendo que o carro é potente, nos oferece conforto, que é moderno, sofisticado, bonito... Entretanto, por que fazem uma propaganda ofensiva, na qual o carro é “tão bom” que é capaz de proporcionar grandes prazeres á quem está dirigindo por meio das dançarinas do Moulin Rouge? E essa questão tem uma simples resposta: nossa sociedade é machista. É verdade que muitos podem pensar que eu, como um homem, não deveria ligar para a sociedade ser machista, uma vez que sou do sexo masculino e não seria prejudicado por isso. Mas erra quem assim pensa. Pelo contrário, quando vejo propagandas desrespeitosas como esta, infringindo a imagem dos seres sem o qual nós, seres humanos, não vivemos, sinto-me mais ofendido que a própria “vítima”. Quando vejo propagandas como esta, vejo um ataque à minha mãe, às minhas irmãs, às minhas professoras, às minhas avós, àquelas pessoas que se empenham em fazer desta sociedade um lugar melhor, contudo são apenas conhecidas como um objeto sexual. E este ataque acaba por doer mais em mim do que nos próprios seres a quem a ofensa foi feita, uma vez que, além de ver as pessoas que amo ofendidas, ainda, como um homem, sinto-me culpado por estas ofensas. As mulheres proporcionam prazer sim. Porém, é por meio do carinho, do amor, do respeito, da amizade e de todas estas virtudes que elas possuem, e não por serem objetos eróticos. 

          O que sinto ao ver propagandas ridículas e ofensivas como a da Renault, não é raiva, não é ódio, não é mágoa. É decepção. Embora deem a vida para fazer deste mundo um lugar melhor, as pessoas são ingratas e não dão metade do valor que elas merecem. E assim como faz uma receita de um bolo, trago neste último parágrafo os ingredientes para se ter um belo convívio social: Basta respeito e gratidão. O ingrediente da gratidão, conseguimos de maneira simples, basta reconhecer aquilo que as pessoas fazem de bom, buscando recompensá-las por isso. Já para se ter o respeito, é necessário inteligência, caráter e educação, no entanto, estas virtudes, assim como o respeito, vem faltando em nossa sociedade. E é isso que vem causando tantas ofensas e tolices, como a feita pela Renault.




http://mais.uol.com.br/view/14595678 - veja o vídeo da propaganda 

15 comentários:

  1. Parabéns Gustavo, sua crônica está ótima, você desenvolveu o assunto muito bem e com seus argumentos convenceu o leitor. É um absurdo mesmo usar a mulher como sendo apenas um objeto, representada em muitas das propagandas quase nua. Porque o maior alvo de propagandas para vender carros, bebidas, cigarros sempre é a mulher? Só porque possui um corpo bonito, seios grandes, cintura fina? Ou será que é porque a mulher é considerada um objeto? Nenhuma resposta justifica essa vergonha que a mulher passa, apesar que por dinheiro, algumas liberam seu corpo, se exibem, se tornam vulgar, verdadeiros objetos sexuais. É preciso que as mulheres valorizem mais seu corpo, deixando de serem julgadas como objetos e passando a serem respeitadas como pessoas inteligentes. Para ganhar dinheiro, a mulher não precisa ser vulgar e vender seu próprio corpo. Simplesmente basta usar sua inteligência e seu caráter.

    ResponderExcluir
  2. Gustavo, parabéns pelo seu texto. De forma clara e objetiva, expôs suas opiniões e desenvolveu argumentos com o objetivo de convencer o leitor, e eu como leitora, sinto-me convencida. Em relação ao tema, é um assunto de bastante repercussão, uma vez que considera a mulher um objeto. Antigamente, a sociedade idealizava a mulher como a dona de casa, quem passava, cozinhava, lavava e cuidava dos filhos. Hoje o papel da mulher mudou, pois além de fazer tudo isso, ainda está presente no mercado de trabalho. Mas absurdo mesmo é comparar a mulher com um objeto, a mulher, nas propagandas é idealizada com o corpo perfeito, sendo que a maioria das mulheres não fazem parte desse padrão de beleza, mas na verdade padrão de beleza não deveria existir, já que caráter é mais importante. Voltando ao caso, as mulheres são usadas de forma ambígua entre um objeto e o próprio corpo. Absurdo mesmo é que a sociedade não faz nada para mudar isso, e alguns até ousam dizer que esse " é o famoso jeitinho brasileiro ".

    ResponderExcluir
  3. Parabéns pela sua crônica,Gustavo!Você soube muito bem defender e convencer o leitor sobre considerar a mulher um objeto sexual.É um absurdo saber que ainda hoje,com tantas revoltas por considerarem a mulher um objeto sexual isso ainda não mudou.Quando eles vão ver que a mulher é muito mais do que isso?A mulher pode estar onde ela quiser nos dias de hoje,não precisa ser um objeto e nem participar de um padrão de beleza.Parabéns novamente pela crônica.

    ResponderExcluir
  4. Gustavo,creio que você fez uma cronica muito boa, visto que convenceu o leitor de sua tese que era provar que os valores se inverteram ,visto que,hoje as mulheres muitas vezes são taxadas como objetos sexuais,como nessas propagandas, e antigamente elas eram taxadas como boas moças baseando-se em donas de casa, mas hoje alem de cumprirem a função de boa moça, elas tem o seu espaço no mercado de trabalho e ainda visto com bons olhos,mas infelizmente essas propagandas que as usam como objeto sexual, só as apequenam, mostrando uma mulher que julgam fazer parte do padrão de beleza feminino,tal padrão que não existe,pois o que faz uma mulher é sua índole e o seu caráter e estas propagandas apenas destorcem esses sentido, infelizmente, o que é um absurdo,isso tem de acabar.Com relação a estrutura do texto, ficou excelente,você desenvolveu o seu assunto muito bem,convencendo o leitor com bons argumentos e praticamente não possuiu erros de gramatica e concordância, parabéns pelo seu ótimo trabalho.

    ResponderExcluir
  5. Gustavo,creio que você fez uma cronica muito boa, visto que convenceu o leitor de sua tese que era provar que os valores se inverteram ,visto que,hoje as mulheres muitas vezes são taxadas como objetos sexuais,como nessas propagandas, e antigamente elas eram taxadas como boas moças baseando-se em donas de casa, mas hoje alem de cumprirem a função de boa moça, elas tem o seu espaço no mercado de trabalho e ainda visto com bons olhos,mas infelizmente essas propagandas que as usam como objeto sexual, só as apequenam, mostrando uma mulher que julgam fazer parte do padrão de beleza feminino,tal padrão que não existe,pois o que faz uma mulher é sua índole e o seu caráter e estas propagandas apenas destorcem esses sentido, infelizmente, o que é um absurdo,isso tem de acabar.Com relação a estrutura do texto, ficou excelente,você desenvolveu o seu assunto muito bem,convencendo o leitor com bons argumentos e praticamente não possuiu erros de gramatica e concordância, parabéns pelo seu ótimo trabalho.

    ResponderExcluir
  6. Parabéns Gustavo, sua crônica esta muito boa. Você soube explorar o assunto, apresentando seus argumentos e opiniões de uma forma clara e objetiva. Em relação ao assunto, eu acho um absurdo a mulher ser considerada como um objeto sexual e se apresentando a maioria das vezes nuas ou com pouca roupa, apesar de antigamente ela ser apresentada como dona de casa, um moça de família, comportada, que sempre estava cozinhando e cuidando dos filhos.Esse conceito sobre as mulheres é inaceitável, essa visão distorcida sobre elas tem que ter um fim.

    ResponderExcluir
  7. Parabéns pela ótima crônica, visto que soube muito bem desenvolver o assunto, defendeu sua tese e apresentou seus argumentos de forma clara e objetiva. Em relação ao tema, acho um absurdo as mulheres serem usadas como forma de objeto de persuasão,na maioria das vezes são retratadas de lingerie, a mulher é sempre comparada a um produto, como nas propagandas publicitárias, produto vendido é relacionada diretamente à figura feminina. A figura feminina sempre foi utilizada pela mídia em analogia à submissão, trazendo a ideia machista de que “o lugar da mulher é na cozinha”. Desde antigamente, as “Amélias” são retratadas pela publicidade em propagandas de produto de limpeza. Porém, com o passar do tempo, a modernidade trouxe novos reflexos da mudança de comportamento. Dessa vez, ela também é apresentada como produto de consumo. A mulher deixou a figura de “boa moça, boa esposa e dona do lar” para ser vista como um produto a ser consumido. Assim, através dela, as propagandas fazem alusões ao erotismo em busca do consumo pelo desejo. Apesar disto, ela continuou sendo usada nas propagandas outrora tradicionais. Seu uso acabou sendo associado ainda mais à submissão da mulher e predominância do homem. Assim, começou uma nova onda de “brindes” à supremacia masculina: à mulher produto, à mulher Renault, à mulher que nasceu apenas para servir, limpar e ser usada.

    ResponderExcluir
  8. Ao ver propagandas como esta, apenas fico revoltada. Não consigo acreditar que algum ser humano consegue ser convencido a comprar um objeto por campanhas como esta, que são machistas e depreciativas. A falta de respeito com nós, mulheres, é revoltante, e este tipo de campanha publicitaria pode até convencer clientes machistas (e sonhadores,já que estas propagandas estão longe de ser realidade) mas tenho certeza que perde muitos clientes, como eu, que me sinto extremamente ofendida por propagandas machistas como esta. Medidas urgentes são necessárias para extinguir propagandas machistas, para que o respeito entre os humanos reine. Em relação a crônica, parabéns, Gustavo! Você redigiu um texto maravilhoso e envolvente, no qual apresentou seus argumentos de forma clara e convincente. Eu como leitora me envolvi totalmente com esta redação e fico feliz ao ver que não somos apenas nós, mulheres, que lutamos pela igualdade sexual, mas sim todos nós, que desejamos um mundo respeitoso e igualitário!

    ResponderExcluir
  9. Gustavo sua crônica ficou muito boa, você soube apresentar bem seus argumentos e também defende-los super bem, em relação ao tema também concordo quando você que as mulheres são muito mais do que objetos sexuais, mas atualmente nas propagandas não é isso que os anunciantes levam em conta, muitos consumidores só compram aquele produto , por causa da garota propaganda e levam em conta apenas o corpo da mulher e não o produto e isso é uma vergonha para nossa população, mas fazer o que isso e a realidade mundial.
    MATHEUS

    ResponderExcluir
  10. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  11. Gustavo, sua crônica ficou excelente! Com opiniões forte e convincentes, você consegue trazer o leitor para o seu lado, abraçando aquilo que você defende, pois são opiniões muito bem apresentadas. Concordo plenamente com você, pois as mulheres, são, como nós homens, super importantes, e não ficam para traz em nada. Então concordo quando você diz que essas propagandas são repugnantes, e também começo a enxergar essa impunidade que ocorre com as mulheres, o que deve ser mudado.

    ResponderExcluir
  12. Parabéns Gustavo, bela crónica, você soube escolher um ótimo tema, desenvolver os argumentos e apresentar um tese. Assuntos desse tipo sempre dão muito o que falar, pois se trata de um tema muito polêmico. Vivemos em uma sociedade extremamente machista, onde propagandas estão voltados principalmente para homens, e usando mulher como objeto sexual e de desejo. Por isso, devemos denunciar essas propagandas que expõe as mulheres com objeto sexual. Antigamente as mulheres eram tratados como simples donas de casa,com direitos inferiores aos homens , hoje em dia as mulheres tem os mesmos direitos que os homens, hoje ela são engenheiras, médicas e até operárias.

    ResponderExcluir
  13. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  14. Gustavo sua crônica ficou realmente muito boa, ótimo tema bem desenvolvido ao decorrer do texto com argumentos bem apresentados e bem defendidos, um típico texto que consegue persuadir o leito, realmente não tenho o que adicionar o texto, apenas o comentário de que o mundo continua machista e que propagandas como a tal ainda vão demorar parar de serem "banidas" das televisões, porém um dia creio eu que vai acontecer, pois cada dia mais as mulheres estão ganhando mais lugar no mercado de trabalho e que cada vez mais as famílias dependem mais do salário das mulheres, o que me leva e concluir que tais propagandas não possuem nenhuma moral no mundo moderno.

    ResponderExcluir
  15. Excelente, mas a do Kaique ficou melhor...

    ResponderExcluir